Mia Couto indignado com governação actual, fala do “desleixo” para com a situação actual
“Acho que houve um certo desleixo, exactamente porque parece que é uma coisa que está ali e está confinada a um certo tipo de comunidade, mas é uma vergonha, no sentido de como é que a reacção parece pouco displicente. Não há promessa de que se vai exibir os mandantes. Essa promessa vai como o resto: apanha-se aquilo que é peixe miúdo, mas o peixe graúdo não é visível”.
Estas são as palavras do escritor moçambicano, Mia Couto declaradas em “Grande Entrevista” à STV. Para Mia Couto, são vergonhosas as promessas não cumpridas de apresentar publicamente os mandantes dos crimes, acrescentando ainda que, se perdeu a vergonha de mostrar riqueza num país com muita pobreza.
O escritor apresentou ainda a sua visão crítica que se estende para a governação e os governantes em Moçambique.
Na sequência, apresentou nos seguintes termos: “É preciso que a governação se faça pelo exemplo e que os dirigentes deste país, através da sua própria vida e vivência pública, mostrem que são servidores e que optaram por uma vida, não diria de sacrifício, mas se pedem sacrifício aos outros eles devem ser os primeiros.”
Em um programa de uma hora, o escritor falou ainda sobre pobreza e desigualdades e condena a sociedade que considera que tem cada vez menos empatia com aqueles que pouco ou nada tem. “Parece que se perdeu a vergonha de mostrar que eu sou muito rico num país de gente muito pobre e essa minha riqueza nem sempre terá vindo… Desde que me lembre, eu trabalho, e não tenho possibilidades dessa riqueza. Se a tivesse, eu gostaria de ter.
literatura de língua portuguesa
António Emílio Leite Couto, tratado literalmente por Mia Couto foi nascido na Beira à 5 de julho de 1955. O escritor foi vencedor da 25ª edição do Prémio Camões, em 2013.